Um emplastro eletrónico de argila para o século XXI
Um projeto pioneiro, que articula as Geociências da Universidade de Aveiro (UA), uma empresa do setor eletrónico e a saúde, traduz-se no desenvolvimento de um dispositivo eletrónico para aplicação controlada de soluções argilosas em tratamentos de diversos problemas de saúde. Os resultados, conseguidos até agora, surpreenderam e permitiram chegar um dispositivo que é mais que um simples protótipo. Concluídas todas as fases, espera-se que esta espécie de emplastro eletrónico venha a constituir uma forma mais eficaz de tratamento em balneários termais, clínicas de talassoterapia e de fisioterapia.
TSR @ 3-3-2014 12:53:15
O dispositivo de Eletropeloterapia, designação dada a uma nova técnica de transmissão transdérmica de substâncias terapêuticas, foi desenvolvido no âmbito da parceria entre eletrónica, geociências e saúde, mais concretamente entre a empresa Exatronic, líder do projeto, o Departamento de Geociências da UA e profissionais de saúde. O novo dispositivo permite antever ganhos de eficiência em tratamentos de doenças de pele e problemas músculo-esqueléticos, maleitas estas tratadas, tradicionalmente, com emplastros de argila.
Como é vulgar em soluções inovadoras, o projeto, com apoio financeiro do COMPETE, fez a ligação entre duas realidades: aparelhos parecidos que são usados para aplicação de outras substâncias e os tradicionais emplastros de argila usados, há muito tempo, para tratar estes problemas de saúde. O dispositivo eletrónico controla vários parâmetros da solução de argila e água termal, tais como a temperatura, o pH, parâmetros relacionados com a textura e propriedades elétricas do material e acelera, através da manipulação destes parâmetros, o processo de passagens das substâncias da argila para a pele.
Os investigadores em Geociências da UA analisaram uma vintena de tipos de argila e selecionaram três com caraterísticas diferenciadas e que garantem mais eficácia neste tipo de aplicações: uma com origem em Portugal Continental, de pH mais básico, outra nos Açores, de caráter mais ácido, e ainda terceira na Madeira, de pH intermédio. Associado ao projeto, esteve também uma tese doutoramento na formulação de argilas para aplicação transdérmica, apresentada por Ana Carina Quintela. O elétrodo foi desenvolvido pela Exatronic com auxílio de fabricantes de têxteis técnicos e de elétrodos para aplicação médica. A inovação reside no processo e não tanto no material usado, explica Fernando Rocha, professor do Departamento de Geociências e coordenador da equipa de investigadores da UA.
Concluídas as três fases do projeto, incluindo identificação de materiais geológicos no território nacional, escolha das mais adequadas aos objetivos do projeto e testes com o dispositivo, e sabendo que esta fase do projeto termina dentro de aproximadamente um mês, o coordenador da equipa de investigação da UA confessa-se surpreendido com os resultados, dado que se conseguiu chegar a uma pré-validação clínica e a mais que um protótipo, a uma pré-série do dispositivo. Procura-se uma técnica de tratamento que possa ser aplicada universalmente, dado que os parâmetros são permanentemente controláveis durante a aplicação.
Posteriormente, explica Marina Bastos, responsável técnica da Exatronic, antiga aluna de Engenharia Geológica na UA, avançarão o estudo de mercado e os testes clínicos com colaboração de uma entidade na área da saúde. Perspetiva-se uma versão profissional e uma versão para uso doméstico do dispositivo.
TSR @ 3-3-2014 12:53:15
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